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sábado, 6 de fevereiro de 2010

Educador defende parceria entre empresa e escola
Martha Neiva Moreira - O GLOBO

Durante muito tempo ele foi o braço direito de Paulo Freire, educador que criou um pensamento vivo e baseou sua obra seguindo o ponto de vista do oprimido. Hoje, aos 68 anos, Moacir Gadotti dirige o Instituto Paulo Freire e, assim como o mestre, dedicou a maior parte de sua vida ao ofício de ensinar.
Desde 22 anos ele leciona de tudo um pouco: de educação infantil ao ensino superior, passando pelo curso Normal e por turmas de educação de jovens e adultos.
Já trabalhou como recreador de crianças pequenas, deu aulas de piano, matemática e uma série de disciplinas da área de pedagogia, entre elas Filosofia da Educação, na Universidade de São Paulo, instituição da qual é aposentado.
Os anos de experiência em ambientes escolares e a convivência com Freire, de quem foi chefe de gabinete quando Freire foi Secretártio Municipal de Educação de São Paulo, lhe deram a certeza de que ensinar do latim insgnare tem a ver com construir sentido.
E construir sentido hoje na sala de aula, para ele, é ter um professor que forme alunos para o presente e para o futuro.
Chegamos, assim, à sustentabilidade.
Se Paulo Freire sonhava com um mundo em que fosse possível "pensar globalmente em favor de toda a comunidade da vida", na prática sabe-se que isso depende de conseguirmos formar pessoas que tenham a perspectiva da sustentabilidade.
- A Unesco faz vários relatórios sobre o tema educação.
O último divulgado diz que estamos vivendo a década da educação para o desenvolvimento sustentável. O que eles querem dizer com isso é que se não assumirmos a sustentabilidade como idéia básica da escola continuaremos a contribuir para a degradação do planeta, em todos os níveis, não só o ambiental - observa.
Faz todo o sentido quando pensamos que a escola, do jeito que a conhecemos, nasceu, como Gadotti mesmo explica, no início da era industrial, a partir de um paradigma de competitividade e exclusão.
Não é à toa que o sociólogo francês Pierre Bourdier ao se debruçar sobre o sistema de ensino na década de 1960, formulou pensamentos sobre a contribuição da educação e da escola para a reprodução e manutenção da desigualdade social. Para Gadotti, este modelo de educação predatório ainda é forte hoje.
- Há um dado contundente que diz que 90% dos que construíram campos de concentração tinham doutorado.
O que isso mostra é que às vezes os mais predadores são também os mais instruídos. A educação é a saída e o problema ao mesmo tempo.
Sensibilizar a escola, como instituição social, para a necessidade de incorporar em suas práticas o conceito de sustentabilidade, pode ser um caminho para que crianças e jovens criem uma conciência planetária e inclusiva, na visão do educador.
- Educar para a sustentabilidade é educar para um outro mundo possível. É educar para a paz, para os direitos humanos, para a justiça social e para a diversidade cultural, contra o sexismo e o racismo - diz Gadotti.
Embora tenha uma trajetória profissional marcada pelo investimento na educação popular, longe do mundo corporativo, Gadotti abre espaço para pensar as empresas como fundamentais no processo de recriar o modelo educacional.
Para isso, no entanto, elas precisam fazer parcerias com os sistemas de ensino e oferecer às escolas conhecimentos para a vida cidadã.
- Um banco, por exemplo, pode entrar na escola ensinnando os conhecimentos para o uso dos serviços bancários.
Mas parcerias têm uma dupla direção, devem ser construídas juntas. As estratégias variam muito, de espaço para espaço, e precisam levar em conta o tempo da escola.

INSTITUTO PAULO FREIRE www.paulofreire.org.br

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